Novidade, federação partidária muda conversa sobre alianças eleitorais em MS
A chegada de março com a abertura da janela partidária serviu para movimentar o cenário político sul-mato-grossense e nacional, visando às Eleições 2022. Contudo, com novas regras para acordos partidários em vigor, a composição de coligações ou a costura de apoios se tornou mais complexa já que, agora, exige um alinhamento nacional completo.
A “federação partidária”, aprovada em resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), tenta tornar mais vertical a posição dos partidos, substituindo a figura das coligações. Se estas garantiam um entendimento para o processo eleitoral que poderia ser mantido ao longo dos mandatos, a federação obriga que o alinhamento seja mantido ao longo de 4 anos.
Em poucas palavras, os membros da federação devem funcionar no mandato como um partido único, superando divergências políticas e ideológicas que porventura apareçam. Isso eliminaria a possibilidade de ruptura política comum nas coligações, quando um partido tenta se desvincular de quem ajudou a eleger por visões diferentes ou falta de espaço na gestão, por exemplo.
A federação ainda exige outra coisa dos partidos: coerência nacional. Em poucas palavras, o que vale na disputa pela Presidência da República deve se replicar nos Estados. Um exemplo é a federação entre PSDB e Cidadania em torno do “quase presidenciável” tucano João Doria, governador de São Paulo.
Em Mato Grosso do Sul, o Cidadania caminhava para um entendimento com o União Brasil — mais especificamente em apoio à pré-candidatura ao Governo do Estado da deputada federal Rose Modesto, que migrou para o novo partido após anos no PSDB.
Como resultado, Athayde Nery anunciou sua saída do Cidadania, o qual presidia em Mato Grosso do Sul — ele, aliás, foi militante histórico da legenda, a qual integrou quando ainda se chamava PCB e depois no PPS. A medida foi anunciada para que ele pudesse marchar com Rose.
Já o Cidadania — que também negociava a federação ou com Podemos ou o PDT — trocou a direção estadual e anunciou alinhamento à pré-candidatura de Eduardo Riedel (PSDB) ao Parque dos Poderes.
A novela PT, PSD e PSB
A atual relação entre PT, PSD e PSB em Mato Grosso do Sul é um capítulo à parte no momento político. E, para alívio de uns e desespero de outros, segue a reboque de decisões nacionais em federação que podem melar os casamentos no Estado.
O PT, que ensaia a pré-candidatura de Zeca do PT ao Governo do Estado, aguardava posição do PSD para uma eventual federação partidária tendo o ex-presidente Lula como nome para concorrer ao Planalto. Isso poderia alterar planos locais, já que os sociais-democratas têm no prefeito campo-grandense Marquinhos Trad seu nome para disputar o Governo Estadual.
Entre acenos e atritos, cogitou-se que Zeca recuasse da disputa ao Governo e se lançasse novamente ao Senado, como em 2018 — quando ficou em quinto, com pouco mais de 294 mil votos. Assim, Marquinhos se manteria na disputa ao Governo. Segundo Zeca, Lula e o presidente nacional do PSD mantinham conversas frequentes sobre o projeto.
No entanto, segundo o senador Nelsinho Trad, presidente regional do PSD, seu partido descarta uma aliança em meio à polarização entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Com isso, aguarda a filiação do governador gaúcho, Eduardo Leite, que deve se inscrever na disputa presidencial após ser alijado do processo no PSDB.
Entre os dois partidos está o PSB, que nacionalmente também discutia a federação com o PT — a ponto de abrir as portas para o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (outro ex-tucano) como possível vice do petista. O projeto acabou abandonado, entre outros fatores, por conta de divergências regionais.
Marquinhos, ao anunciar sua pré-candidatura ao Governo do Estado, novamente apontou como seu vice o presidente regional do PSB, o médico e presidente da Cassems, Ricardo Ayache. Se da primeira vez Ayache deu sinais de que o entendimento não estava fechado, desta vez viu o presidente municipal da Capital e presidente da Câmara, Carlos Augusto Borges (o Carlão), dar o acerto com Marquinhos como quase certo.
Nacionalmente, porém, o PSB não desistiu da aliança com o PT, que pretende resumir a uma coligação. Os petistas avaliam se federar ao PC do B e ao PV — sendo que os verdes cogitaram ter novamente seu presidente local, Marcelo Bluma, na disputa ao Governo do Estado.
Sem entraves até o momento
O PSB não foi o único a deixar de lado a ideia de integrar uma federação partidária. O MDB desistiu da ideia no início deste mês, conforme comunicou seu presidente nacional, o deputado federal Baleia Rossi (SP). Até então, negociava com o PSDB e com o União Brasil.
O MDB apostava, principalmente, na federação com o União Brasil — já que considerava difícil o PSDB, que está à frente do Governo do Estado, recuar da possibilidade de eleger o chefe do Executivo. Com isso, a pré-candidatura do ex-governador André Puccinelli ao cargo segue normalmente, inclusive com visitas aos municípios para mobilizar a militância.
Nacionalmente, o MDB tem a senadora sul-mato-grossense Simone Tebet como sua presidenciável, e agora busca aliados para fortalecer o nome como “terceira via”.
A notícia também tira uma pedra do caminho do União Brasil, ele mesmo podendo ser considerado uma “federação”, já que surge da fusão do DEM e do PSL. Rose, como pré-candidata ao Governo, e a senadora Soraya Tronicke, como presidente regional, recebem a missão do presidente nacional, Luciano Bivar.
Bivar anunciou ontem que o União Brasil deve ter um presidenciável em suas fileiras — mas não antecipou o nome — e também espera que ele dispute a hegemonia da “terceira via”.
O PDT de Ciro Gomes e o Podemos de Sérgio Moro são outros partidos de representação regional com presidenciáveis próprios. Ao menos regionalmente ainda não foram divulgados os planos eleitorais — por meses, o Podemos foi apontado como provável destino de Rose. Novo e Avante, que devem disputar o Planalto, também avaliam candidaturas ao Governo do Estado.
O PL de Bolsonaro, por sua vez, discute como possíveis candidatos ao Governo do Estado os nomes dos deputados estaduais Capitão Contar e João Henrique Catan. Contar se filiou recentemente ao partido.
Rede e Psol
Rede e Psol também podem formar uma federação partidária no Estado, segundo apontou a imprensa nacional. O problema, aqui, é que há psolistas dispostos a apoiar Lula — no Estado, Cris Duarte, que disputou a Prefeitura de Campo Grande em 2020 e presidia o Psol-MS, anunciou sua desfiliação apontando ataques e violência de gênero.
O Rede, por sua vez, realizou recentemente reunião para tratar da posição nas Eleições 2020. O vereador Professor André Luiz chegou a ser ventilado como candidato ao Governo do Estado.
Midiamax
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