Rota da cocaína: droga que atravessa MS vai para a Europa por ‘carona clandestina’ em navios

A apreensão de quase meia tonelada de cocaína esta semana em Campo Grande expôs esquema utilizado pelo tráfico internacional que utiliza Mato Grosso do Sul como rota para ‘exportar’ drogas para a Europa. Os criminosos utilizam até mergulhadores e usam ‘carona clandestina’ em navios para os entorpecentes chegarem ao outro continente sem que as empresas proprietárias das embarcações saibam que estão sendo ‘usadas’ pelo tráfico.

A apreensão mais recente ocorreu esta semana, quando 483 kg de cocaína foram apreendidos em meio a engradados de bebida, em caminhão na MS-040. Ação foi realizada por policiais do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) no contexto da Operação Hórus, do Ministério da Justiça.

A droga tinha como destino o Estado de São Paulo, possivelmente o porto de Santos por onde a droga seria enviada para a Europa, mas não se sabe o país para onde o entorpecente seria enviado.

A polícia descobriu o método que seria utilizado pelos criminosos graças à maneira com que a cocaína havia sido embalada. A droga estava enrolada em uma borracha preta, método utilizado pela organização criminosa para proteger a droga que vai submersa.

Segundo o Dracco, a organização criminosa atua da seguinte forma: após atravessar MS, o caminhão com a cocaína seguiria para o porto de Santos. Antes do navio sair do porto, os criminosos utilizam um pequeno barco durante a noite, onde o mergulhador leva até o casco do navio uma caixa com ímã e a fixa em pontos estratégicos da embarcação.

Dessa forma, os entorpecentes são levados até o exterior. Quando a droga chega ao outro continente, é feito o mesmo processo: um barco menor com um mergulhador fica próximo ao navio e os criminosos retiram as caixas com ímãs contendo as drogas e depois é feita a distribuição.

Foram 445 tabletes de cocaína pura apreendidos pelo Dracco, que totalizaram 483,60 kg. Conforme a diretora do Dracco, delegada Ana Claudia Medina, a droga está avaliada em cerca de R$ 60 milhões e era destinada ao tráfico transnacional. Cada tablete de cocaína no exterior é vendido por US$ 25 mil, equivalendo na cotação atual a R$ 125 mil.

Outro caso

O Dracco fez a apreensão de quase 500 quilos de cocaína no bairro Montevidéu, em Campo Grande, no dia 31 de setembro de 2021. Os policiais chegaram até o entreposto onde estava armazenada a droga — em um imóvel em construção — durante investigação de combate à organização criminosa ligada ao narcotráfico que atua no Estado.

Conforme os investigadores, no local foram encontrados dois homens, de 38 e 40 anos, que eram responsáveis pela vigilância do entreposto. Eles foram abordados e acabaram ficando nervosos com a presença da polícia e entraram em contradições.

Buscas foram realizadas no local, onde os policiais civis localizaram 353 pacotes prensados de cocaína, que após pesagem totalizaram 407 quilos. Os investigadores realizaram buscas também na casa de um dos suspeitos que vigiavam o entreposto e aprenderam no imóvel mais 54 quilos de cocaína.

Conforme a Polícia Civil, o prejuízo do crime organizado com a apreensão é superior a R$ 11,5 milhões.

‘Porta-drogas’

Uma caixa de metal foi localizada por mergulhadores durante inspeção em uma embarcação no Porto de Santos, no litoral de São Paulo. Dentro dela, estavam quase 34 quilos de cocaína, que seriam transportados clandestinamente à Europa.

Segundo o G1, a caixa preta de metal foi encontrada por mergulhadores durante inspeção rotineira na estrutura do navio Orange Blossom 2, atracado em um terminal da margem esquerda, em Guarujá (SP). Ela estava instalada na parte frontal (proa) da embarcação, próximo ao hélice de propulsão para manobras laterais, conhecido como bow thruster.

O dispositivo único estava fixado ao casco do navio, entre 6 e 7 metros abaixo da linha d’água. Segundo a Polícia Federal, ele estava preso dentro do tubo onde se localiza a hélice, com fitas e catracas, apropriadas para transporte e imobilização de cargas. Todo o material foi recolhido e levado à Delegacia da Polícia Federal, no Centro de Santos.

Midiamax

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