Desde a tarde de terça-feira (30), a Santa Casa de Campo Grande se negou a fornecer macas próprias para pacientes trazidos por ambulâncias e reteve os itens das viaturas, alegando superlotação. Das sete ambulâncias que estavam ‘presas’ no pátio do hospital, pacientes de três delas tiveram que dormir nos equipamentos das viaturas. Com isso, as equipes de socorristas precisaram passar a noite no pátio, à espera da liberação das macas e sem poder fazer novos atendimentos na cidade até a manhã desta quarta-feira (31).
Quando um paciente de atendimento emergencial ou urgente chega até o hospital, a unidade transfere o mesmo de uma maca da ambulância para outra da própria Santa Casa, liberando o veículo para outro atendimento.
Entretanto, houve um impasse que prejudicou a assistência dos chegados, ou seja, caso surgisse um novo paciente de emergência clínica, a viatura fica impossibilitada de deixar o local.
Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), diante de uma eventual indisponibilidade de leitos, os pacientes são direcionados para outras unidades hospitalares contratualizadas, assegurando assim a assistência necessária.
“A Sesau faz a regulação de pacientes aos hospitais dentro do que está previsto no contrato de prestação de serviços destes com a pasta, sendo encaminhados de forma não prevista, em vaga zero, somente aqueles pacientes que estão em estado grave e que o hospital é referência para o atendimento e tratamento do caso”.
O posicionamento do hospital na terça-feira (30), informava que apenas uma maca aguardava liberação, número controverso ao atual. “A quantidade de pacientes que chegam ao Pronto-socorro regulados pela Sesau é maior do que a capacidade física do hospital. Sem leitos disponíveis suficientes para atender a demanda, eles precisam aguardar atendimento na maca [da ambulância]; não liberação não depende do hospital, mas sim da possibilidade numérica de pacientes em atendimento”.
Ainda de acordo com a atualização anterior do hospital, no Pronto-socorro Adulto, haviam oito pacientes na Unidade de Decisão Clínica – Crítica, sendo que quatro estão em ventilação mecânica (intubado) e dois em observação, a capacidade máxima é de seis leitos.
Já na Unidade de Decisão Clínica – Não crítica, haviam 41 pacientes no setor, sendo que a capacidade máxima é de apenas sete leitos, dos pacientes que estão ali, 14 são internados e aguardam leitos em enfermaria e 27 estão em observação aguardando definição de conduta. Haviam 547 pacientes internados pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Fila que não anda e leitos vazios
Na mesma medida em que cirurgias eletivas estão em atraso, pacientes relatam que médicos paralisam a fila por salários atrasados, incluindo da equipe de enfermeiros, conforme denúncia do Siems (Sindicato dos Profissionais de Enfermagem). Haviam pacientes aguardando cirurgia ortopédica há mais de 15 dias.
Ainda que muitos reclamem de dias esperando ser atendido no procedimento, pacientes flagraram leitos vazios ‘escondidos’ em salas, com colchões amontoados. Sobre o questionamento, a unidade havia relato que se tratam de leitos reservado, por exemplo, para pacientes transplantados e de cirurgias eletivas, apesar de não informar a quantidade de leitos que já estariam destinados a esses pacientes.
Contrato ‘turbinado’ em R$ 9 milhões
Entretanto, na última quinta-feira (25), valores foram oficializados no Diário Oficial de Campo Grande, referentes aos termos aditivos ao contrato entre a Santa Casa e Sesau, de junho de 2021, sendo o valor turbinado R$ 9 milhões a mais no contrato, por meio de emendas parlamentares federais, indicativo de acréscimos pontuais para o mês, sendo uma parcela única de R$ 375.000,00 e R$ 7.650.000,00.
Foto: Marcos Ermínio
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