Em 2021, o Pantanal sul-mato-grossense enfrentou queimadas incessantes que mobilizaram brigadas e efetivo intenso do Corpo de Bombeiros em MS. Com o período de estiagem se aproximando, o Pantanal, que ainda se recupera do ‘pesadelo’ do ano passado, já encara alerta para a época de seca e queimadas.
O biólogo, doutor em Ecologia e Conservação pela UFMS, José Milton Longo, explica que a região do Pantanal é marcada por estações bem definidas de chuva e seca.
Na atual estação de chuvas, as precipitações, principalmente nas cabeceiras do Paraguai, elevam o nível do rio, que transborda e gradativamente alaga. Em seguida, a pastagem é ‘trocada’ por mato mais volumoso, que “é alvo” dos produtores.
“Com o fim das chuvas, as lagoas secam gradativamente e dão lugar ao campo limpo, área predominante de capim, campo sujo — com alguns arbustos e poucas árvores — e campo de murundum, com ilhas de árvores e arbustos, na estação de seca, que perdura aproximadamente de maio a outubro. Os incêndios costumam acontecer principalmente no fim do período de seca — com risco agravado pela substituição do capim nativo da região pelo capim africano, mais volumoso — promovida pelos pecuaristas e pelo manejo com o uso do fogo”, comenta.
Ele explica que a partir daí é necessário conscientização e educação ambiental de que é possível retirar esse capim volumoso sem a necessidade do uso do fogo.
“Precisamos de muita educação, sobretudo educação ambiental, que hoje é pontual. Os produtores precisam entender que há alternativas para a limpeza dos pastos sem a utilização do fogo”, defende Longo. “A conscientização, e urgente, é o único caminho para evitarmos o réquiem do Pantanal”, finaliza.
Chuvas a caminho: O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) prevê que o período chuvoso no Pantanal ainda deve acontecer até agosto, com pancadas próximas da média histórica.
Monitoramento de queimadas
O Lasa (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), lançará em maio uma nova ferramenta que auxiliará o combate e monitoramento de queimadas no Pantanal de Mato Grosso do Sul, por meio de informações repassadas por colaboradores, em tempo real.
O objetivo é facilitar o controle de dados in situ, que atualmente é defasado, feito por validação de satélites. O sistema é chamado Alarmes (Alerta de Área queimada com Monitoramento Estimado por Satélite), projeto que prioriza ter este tipo de informação para o constante refinamento dos alertas gerados com dados.
Os agentes cadastrados irão auxiliar o levantamento por meio da coleta de imagens de eventos de queimadas/incêndios florestais, enquanto realizam suas atividades diárias em campo. A nova funcionalidade é nomeada de FogoTeca, ferramenta que permitirá aos usuários previamente cadastrados, inserir as fotografias.
Depois de inseridas, os registros de imagens ficarão disponíveis online no WEBGIS (mapeamento Web) do sistema.
Por precisar de registros em áreas de difícil acesso e de risco, podem participar colaboradores que já desempenham a função, como pessoas que pertencem a uma das instituições alvos ou ser parceiro autorizado como o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais), Corpo de Bombeiros, ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), ONGs, universidades, brigadistas voluntários e gestores de unidades de conservação.
Midiamax
Foto: Divulgação/Ibama