Com o objetivo de proteger o bioma do Pantanal e evitar a repetição das tragédias vivenciadas em 2020, o estado de Mato Grosso do Sul vem adotando medidas estratégicas para prevenção e combate a incêndios florestais. O Tenente Coronel QOBM Leonardo Rodrigues Congro, presidente do Comitê Interinstitucional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais de Mato Grosso do Sul, destaca a importância das ações conjuntas entre diferentes instituições e órgãos para preservar a região pantaneira.
No centro das discussões está o Plano de Ação para o Manejo Integrado do Fogo no Bioma Pantanal, lançado pelo governo federal em abril. Dessa forma, o plano prevê implementação de medidas preventivas e de combate aos incêndios florestais em Mato Grosso do Sul. Diante disso, o estado tem se empenhado em articular ações integradas juntamente com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e o programa Prevfogo, visando fortalecer as estratégias de proteção do bioma.
Uma das vertentes de atuação é a prevenção. O Tenente Coronel Congro afirma ao Jornal Midiamax que aguarda a definição do período proibitivo de queimadas pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) para dar início às ações preventivas.
“Este trabalho está sendo feito em conjunto com o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima) e, depois da definição do período proibitivo, a gente consegue fazer a campanha estadual de prevenção de incêndios florestais. Serão várias dicas a população sobre os três biomas que abrangem MS [Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica]”, ressalta o tenente coronel.
Ações de prevenção
Outro ponto de destaque é a preparação para o combate aos incêndios, uma vez que já existe um plano de operações elaborado pelo Corpo de Bombeiros desde março de 2023 e que se encontra em vigência.
Além disso, trabalho conjunto com fazendeiros e proprietários de terras próximas às unidades de conservação estaduais, como o Parque Estadual das Nascentes do Vale do Rio Ivinhema e o Parque Estadual do Rio Negro, deve ser realizado com formação de brigadas de combate aos incêndios florestais. Além disso, o Estado também tem interesse em promover diálogos com ONGs que possuem redes de brigadas comunitárias e privadas no Pantanal, fortalecendo a parceria com os bombeiros.
“Dentre os trabalhos previstos na campanha, existe a preparação em conjunto com o Ibama e Prevfogo no Estado, plano de operações do Corpo de Bombeiros, trabalho no entorno das unidades de conservação estadual com colaboração de brigadas, fazendeiros e pessoas com terras, ação de preparação dos fazendeiros para a brigada nesse período de estiagem, fora as operações dos bombeiros nos três biomas”, reforça.
Embora ainda não haja um período proibitivo estabelecido em Mato Grosso do Sul, a normal climatológica indica que os meses de maio, junho e julho são caracterizados por uma estiagem intensa, o que aumenta o risco de incêndios. Assim, segundo Congro, já é possível perceber mudanças no clima em relação ao ano anterior.
“Ano passado, nesse período, já estava uma seca extrema. Esse ao ainda não. Teve pouca demanda, mas já percebe mudança no clima”, pontua à equipe de reportagem.
A equipe de reportagem questionou o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de MS) se já existe uma data definitiva para o período proibitivo de queimadas no Estado e aguarda retorno das informações.
Air Tractors
Visando fortalecer as ações de combate aos incêndios florestais, o estado de Mato Grosso do Sul conta com duas aeronaves Air Tractors disponíveis para uso em qualquer ponto da região. Essas aeronaves são utilizadas tanto em áreas de cultivo quanto no combate direto aos incêndios florestais, lançando água para conter as chamas.
Plano de Ação para o Manejo Integrado do Fogo no Bioma Pantanal
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, lançou na no dia 18 de abril, na sede do Ibama, em Brasília, o Plano de Ação para Manejo Integrado do Fogo no Bioma Pantanal.
Elaborado pela equipe do Centro de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) do Ibama, com apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o plano tem como objetivo reduzir as queimadas na maior planície alagada do mundo, conter emissões de carbono para a atmosfera e proteger a biodiversidade da região.
A partir do contexto climático e de informações sobre acúmulo de material combustível em campo, o documento aponta áreas de risco para ocorrência de incêndios florestais em 2023 e propõe diversas ações de preparação, prevenção e combate aos incêndios a serem realizadas de forma integrada por entidades federais, terceiro setor e sociedade civil para manter o fogo sob controle na região.
O plano prevê a capacitação de técnicos e gestores dos órgãos estaduais de meio ambiente para realização de queimas prescritas, a formação de brigadas voluntárias, o monitoramento das queimadas por sensoriamento remoto, a preparação de aceiros e a ampliação do contingente de investigadores para realização de perícias.
Dessa forma, Ibama informou que deu início ao processo de contratação de 171 brigadistas que irão combater as queimadas no bioma, o que permitirá a proteção direta de 615.121 hectares. Uma brigada adicional será posicionada Terra Indígena Kadiwéu, em Mato Grosso do Sul. A Brigada Federal de Pronto Emprego do Pantanal, localizada em Corumbá (MS), será ampliada para oferecer apoio em toda a região. Seis brigadistas de Manejo Integrado do Fogo irão conduzir queimas prescritas para a redução de material combustível em caráter preventivo.
Novos equipamentos, adquiridos com recursos do Fundo Amazônia, fortalecerão a estrutura operacional. Cinco aviões e seis helicópteros do ICMBio poderão ser acionados para apoio logístico no Pantanal.
O Jornal Midiamax solicitou ao Ibama os valores que serão investidos no Plano de Ação para o Manejo Integrado do Fogo no Bioma Pantanal. Porém, a equipe de reportagem não obteve retorno até a publicação desta reportagem. Espaço segue aberto para manifestações.
Foto: Ilustrativa/ Henrique Arakaki
Jornal Midiamax