Campo Futuro analisa custos de produção em sete estados

POR CNA

 

Brasília (29/07/2022) – Esta semana, o projeto Campo Futuro levantou custos de produção das cadeias da pecuária de corte, grãos, café, silvicultura, tomate e uva na Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina.

Os encontros híbridos foram realizados pela Confederação da Agricultura e pecuária do Brasil (CNA) em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e o Centro de Inteligência de Mercado da Universidade Federal de Lavras (CIM/UFLA).

Segunda – O painel levantou os custos da soja e do milho em Querência (MT), que apresentou boa produtividade para as duas culturas. Os produtores colheram 65 e 100 sacas por hectare em média, respectivamente.

Terça – Já na terça (26), aconteceram os painéis de soja, milho e trigo em Cascavel (PR), pecuária de corte em Itamaraju (BA) e café arábica em Santa Rita do Sapucaí (MG).

Em relação à soja e ao milho, em Cascavel (PR), o impacto da estiagem foi confirmado na quebra da produtividade da soja relatada pelos produtores, que colheram 25 sacas de soja por hectare em média. Para o milho, conforme a colheita da 2ª safra avança, os produtores estão obtendo boas produtividades.

A expectativa de colheita é de 110 sacas por hectare em média do grão. Por outro lado, os custos com fertilizantes no período subiram 73%. Já os custos com operações mecânicas – que englobam as operações com semeadura, pulverização, etc. – tiveram alta de 140%.

No município baiano, o levantamento de custos analisou os sistemas de cria e recria/engorda de gado. Para a cria, foi considerada uma propriedade modal com 484 hectares de área total e 220 matrizes. A mão de obra representou aproximadamente 34% dos custos operacionais efetivos (COE) da produção, seguido pela suplementação mineral dos animais com 22%.

Na recria e engorda a área total da propriedade modal é de 900 hectares com terminação anual de 370 bovinos. Nesse sistema, a aquisição de animais representou por volta de 80% dos custos operacionais efetivos.

No painel de café, a propriedade analisada tem 20 hectares de área produtiva com tratos culturais e colheita manual. Segundo os cafeicultores, a seca em 2020 e as geadas em 2021 impactaram a produtividade média da região, reduzindo a média dos últimos quatro anos de 25 para 20 sacas por hectare.

De acordo com a assessora técnica da Comissão Nacional de Café da CNA, Raquel Mirada, em comparação com o painel realizado em 2021, houve redução do pacote tecnológico de fertilizantes devido à alta dos preços.

“No entanto, mesmo com a redução do pacote tecnológico, os desembolsos com fertilizantes elevaram-se em 9%. O desembolso com outros componentes dos custos de produção também sofreu elevação, sendo superior em 6,3% para os custos com mão de obra, 50,3% para custos com mecanização, 94% para corretivos e 96,4% para os defensivos”.

Quarta – No dia 27, o projeto levantou os custos para eucalipto em Teixeira de Freitas (BA), café, soja e milho em Londrina (PR) e tomate em Lebon Régis (SC).

Na Bahia, a propriedade modal analisada tem 100 hectares e incremento médio anual de 35 m3 hectares/ano. Os itens que mais pesaram no custo de implantação do eucaliptal foram fertilizantes (42%), maquinário (23%) e mão de obra (12%).

Em Londrina (PR), a propriedade modal de 10 hectares produtivos trabalha com tratos culturais semimecanizados e colheita manual de café. Na avaliação dos cafeicultores ouvidos, a produção local vem sofrendo com secas e geadas com impacto na produtividade média em todo o estado.

Outro dado aponta que a dificuldade de contratação de mão de obra tem contribuído para a intensificação das atividades mecanizadas, assim o desembolso com mão de obra se reduziu em 9,5% em comparação com o painel realizado em 2021.

“No entanto, no mesmo período, os demais componentes do custo de produção sofreram aumento significativo, sendo superior em 33% para os custos com corretivos, 46% para custos com defensivos, 109,% para os desembolsos com fertilizantes e 110% para mecanização”, explicou Raquel Miranda, da Comissão de Café.

Também em Londrina, o projeto analisou soja e milho. De acordo com o levantamento, os produtores colheram 55 e 80 sacas por hectare em média de soja e milho 2ª safra, respectivamente.

Ainda segundo o painel, os ataques com cigarrinha-do-milho preocupam os produtores da região, que colheram em torno de 30% da área total da região. Os custos com inseticidas aumentaram 82% para o milho. Para a soja, os custos com herbicidas aumentaram 118% em relação ao último levantamento.

No município catarinense de Lebon Régis, o Campo Futuro analisou os custos de produção do tomate com definição de uma propriedade modal para a região de 10 hectares cultivados, estande de mil plantas/hectare e produtividade de 4,5 mil caixas/hectare.

Conforme o levantamento de custos, considerando ainda um preço médio de R$ 46,00 por caixa, a atividade apresenta margem bruta negativa, ou seja, não consegue arcar com os desembolsos como insumos, arrendamento e gastos com colheita e pós-colheita e, portanto, não se mantém no curto prazo.

A assessora técnica da Comissão Nacional de Hortaliças e Flores CNA, Letícia Fonseca, ressaltou a importância de realizar tal análise em função da flutuação do preço recebido pelo produtor, avaliando as margens obtidas ao longo do período de comercialização.

Quinta – No dia 28, as culturas analisadas foram soja e milho, em Campo Novo dos Parecis (MT), pecuária de corte em Itapetinga (BA), uva em Tangará (SC) e pinus em Jaguariaíva (PR).

Na produção de milho 2ª safra em Campo Novo do Parecis (MT), infestações de cigarrinha e percevejos impactaram a produtividade, onde os produtores colheram 80 sacas por hectare em média, aponta dados do projeto.

Para a soja, a produtividade média no município foi de 63 sacas por hectare. Os custos com fertilizantes subiram 90% para o milho e 50% para soja em comparação com o levantamento anterior. Para os herbicidas, um aumento de 159% foi observado na cultura do milho na região.

Em Itapetinga, o projeto levantou os custos de produção de uma propriedade modal de gado para recria e engorda. Com uma área total de 600 hectares, o produtor abate, por ano, 240 cabeças. Segundo a análise do Campo Futuro, a compra de animais para a recria e engorda representou 81,7% dos custos operacionais efetivos (COE).

No município de Jaguariaíva (PR), o pinus cultivado em 50 hectares com incremento médio anual de 28 m3/ha mostrou que os maiores custos estão relacionados à mão de obra, com 56% do COE, além dos gastos com mudas, que representa 20% e herbicidas também 20%.

O levantamento da uva em Tangará (SC) foi realizado baseando-se em uma propriedade com quatro hectares cultivados, sendo principalmente com a cultivar Isabel, e produtividade média de 20 toneladas/hectare.

Conforme custos relacionados para a região e preços médios recebidos, sendo R$1,20 por quilograma de uva comercializado à indústria, a atividade apresenta margem bruta negativa, ou seja, não se mantém no curto prazo e, por isso, vem sendo subsidiada por recursos externos.

Segundo a assessora técnica da Comissão Nacional de Fruticultura da CNA, Letícia Fonseca, esse resultado indica a necessidade de redução nos custos, mas também da readequação dos preços recebidos conforme os custos de produção, hoje definidos em função do preço mínimo para a cultura.

Sexta – No dia 29, os levantamentos do Campo Futuro encerraram a semana com a apuração dos custos do eucalipto em Campo Grande (MS). Na propriedade de cerca de mil hectares e incremento médio anual de 37 m3/ha/ano, os maiores gastos considerando as operações de pré-plantio, plantio e pós-plantio são maquinários (24%) e fertilizantes (24%), seguidos de mudas (22%).

O projeto também analisou a produção de soja e milho em Rio Verde (GO). No município, os produtores relataram boa produtividade para a safra de verão. Para a soja, foram colhidas 72 sacas por hectare em média.

Para o milho, os produtores colheram em média 75 sacas por hectare. Por outro lado, a estiagem traz preocupação para a 2ª safra de milho na região, juntamente com os ataques de cigarrinha. Os custos com fertilizantes na cultura da soja aumentaram 87% em relação ao ciclo anterior. Para o milho, este aumento foi de 80%.

Assessoria de Comunicação CNA

 

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