O Dia do Soldado é comemorado nesta quinta-feira (25), em homenagem a Marechal Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, patrono do Exército Brasileiro. Em Mato Grosso do Sul, o número de militares alistados cresceu cerca de 10% nos dois últimos anos, mesmo com o período pandêmico.
Conforme os dados do CMO (Comando Militar do Oeste), em 2020, foram 2.487 ingressos; em 2021, o aumento foi de 3,5% com 2.576 alistados; neste ano, o número cresceu para 2.745, durante o período de alistamento obrigatório aos jovens de 18 anos, no dia 30 de junho. Entretanto, não há o quantitativo de jovens que são reservistas e os que decidiram permanecer em serviço ativo à Pátria. No Brasil, o total de novos militares ingressos é de 1.440.638.
Representatividade do soldado
O General de Exército Anisio David de Oliveira Junior, define o lema “Braço forte, mão amiga”: mesmo com o soldado em assíduo treinamento para guerras e catástrofes, oferece apoio à população por meio de missões humanitárias, como aconteceu durante a pandemia – os militares participaram das campanhas de vacinação e transporte das doses do imunizante.
“O soldado brasileiro é uma representatividade da nossa sociedade, desde o início da formação a consolidação da própria síntese. Independente do grau de escolaridade e nível econômico, não há separação. É interessante como nosso jeito brasileiro, principalmente atuando fora do país, em missões de paz. Atuamos não só em Mato Grosso do Sul, atuamos em uma série, como o acolhimento em Roraima, aos nossos irmãos venezuelanos. Militares atuam há cerca de seis meses na região”.
“Meu bisavô foi pracinha na Segunda Guerra Mundial”
A tradicionalidade não é um mero incentivo para continuar servindo ao país, como é o caso de um militar de Campo Grande, pois, o bisavô foi ‘pracinha’, termo dado aos soldados veteranos, na Segunda Guerra Mundial. Aos 20 anos, ele conseguiu consolidar carreira na formação de sargento temporário, progredindo ainda jovem por opção e esforço.
Em 2018, ele ingressou por obrigatoriedade para continuar os traços da família e viu nas Forças Armadas a oportunidade de desenvolver os talentos da formação acadêmica. O primeiro ano foi marcado pela reordenação de disciplina, já que não estava acostumado a acordar e dormir em determinado horário, receber ordens e ter uma rotina regrada.
“Grande parte da minha família foi militar. Ele [bisavô] é um expedicionário. Foi para a guerra, voltou e participou da batalha da Conquista de Monte Castelo e tudo mais. Então, eu cresci escutando essas histórias dos meus familiares, sempre me gerou esse interesse por ser militar. Pensava em seguir carreira antes de entrar para o Exército”.
Inicialmente, pode parecer rigoroso demais para alguém tão jovem estar sujeito a um regime duro, como bem sabemos ao que implica uma rotina de missões e serviços cívicos, entretanto, o rapaz demostra o reconhecimento que o serviço custa. O Exército concede cursos de formação e qualificação, ou seja, há de tirar proveito caso interesse em não seguir carreira. Para se ter uma ideia, em apenas quatro anos conseguiu engajar e atualmente é sargento temporário.
“O primeiro ano foi complicado. Quando você entra para o quartel e começa a ter que seguir ordens, ter uma rotina diferente, gera um baque e tira você da rotina de uma forma muito abrupta. E aí você fica deslocado e tudo mais. Você repensa muita coisa, se realmente vale a pena, pensa muitas vezes em desistir. Depois, começa a dar valor as pequenas coisas, como o sono, comida, água”, explica.
Há uma seleção criteriosa após a seleção geral, na entrevista de alistamento o jovem é questionado sobre as áreas de interesse e que tem conhecimento, quando não, é direcionado para algum setor em que possa se profissionalizar. “Esse filtro funcionou comigo, senão desperdiçam uma boa qualificação”, afirma.
“Conseguimos distribuir os garotos que chegam ao batalhão para uma certa experiência profissional, seja ela mecânica, pintor, informática ou comunicação social. A gente consegue setorizar eles e aqueles que não tem nenhuma noção, conseguem um norte”.
“Complicado” é a palavra unânime usada pelos militares ao definirem como foi o primeiro ano no quartel, convenhamos, que a obrigatoriedade assusta. Também com quatro anos de ingresso, outro militar aborda a estabilidade que a carreira proporciona aos que chegam há anos de aquartelamento.
“Não pretendia servir, porém, conversei com um amigo que estava na ativa na época e ele me disse que era uma experiência boa de adquirir, que valeria a pena por uma certa estabilidade que a profissão proporciona, mesmo para o militar temporário. O primeiro [ano] foi corrido, o militar é empregado em todas as atividades que acontecem na unidade; tem a formação básica, que é a parte mais difícil para o recém-incorporado”.
Para ele, o nivelamento deste primeiro ano requer força, tanto psicológica quanto física para atuar nas funções que é designado. “Tem que cumprir as missões que lhe é atribuído, dentre elas as missões internas e externas, manutenção, escala de serviço. Tudo isso vem com a cobrança de horário, apresentação individual e vibração, a vontade do militar de cumprir bem a sua tarefa”, pontua.